A sustentabilidade no setor da construção tornou-se uma prioridade incontornável, impulsionada pela necessidade de reduzir a pegada ecológica sem comprometer a viabilidade económica dos projetos ou limitar a criatividade arquitetónica. Para alcançar edifícios mais eficientes e responsáveis, não é necessário recorrer a sistemas construtivos dispendiosos, mas sim a uma abordagem integrada, que equilibre boas práticas de projeto, otimização de materiais e eficiência energética.
Uma das estratégias mais eficazes para minimizar o impacto ambiental da construção é a escolha inteligente dos materiais. Optar por betões com adições recicladas, madeiras certificadas ou aço reaproveitado pode reduzir significativamente a emissão de CO₂ sem aumentar os custos. Além disso, a utilização de materiais disponíveis localmente reduz a necessidade de transporte e, consequentemente, a pegada de carbono associada ao processo construtivo.
A eficiência energética do edifício deve ser garantida logo na fase de conceção, recorrendo a soluções passivas que não representem encargos adicionais. O correto posicionamento dos espaços, aliado a um estudo rigoroso de iluminação e ventilação naturais, permite reduzir a necessidade de climatização artificial e iluminação artificial, diminuindo significativamente os consumos energéticos. Estratégias como a orientação solar otimizada, a adoção de sombreamentos passivos e o uso de materiais com boa inércia térmica são acessíveis e eficazes para melhorar o desempenho térmico do edifício.
Outro aspeto fundamental é a redução de desperdícios durante a obra. Um plano de gestão de resíduos eficiente permite reaproveitar materiais e minimizar o envio de entulhos para aterro, reduzindo custos e impactos ambientais. A utilização de pré-fabricados e soluções modulares não só melhora o controlo sobre a qualidade da construção, como também reduz desperdícios e acelera os prazos de execução, trazendo benefícios financeiros diretos.
A evolução das tecnologias na construção permitiu também o desenvolvimento de edifícios autossuficientes em energia, que produzem a sua própria eletricidade através de fontes renováveis, como painéis solares fotovoltaicos ou sistemas de aproveitamento e armazenamento de energia. Embora o investimento inicial em soluções de energia renovável possa ser um fator a considerar, o retorno a médio e longo prazo é altamente vantajoso. A redução drástica da fatura energética pode permitir que o investimento se pague em poucos anos, tornando os edifícios não só sustentáveis, mas também economicamente mais eficientes.
Além disso, edifícios sustentáveis e energeticamente eficientes valorizam-se no mercado imobiliário, tornando-se mais atrativos para investidores e utilizadores finais. Empresas que operam em espaços com certificações ambientais beneficiam de uma melhor imagem corporativa, maior conforto térmico e menor dependência de infraestruturas externas, fatores que se traduzem em ganhos de produtividade e bem-estar.
A sustentabilidade na construção não deve ser vista como uma limitação, mas sim como uma oportunidade para criar edifícios mais inteligentes, confortáveis e economicamente vantajosos. Com decisões estratégicas e práticas eficientes, é possível reduzir a pegada ecológica da construção sem aumentar os custos, garantindo um futuro mais sustentável e rentável para o setor.
Pedro Pereira
Head of Design & Construction @ Lionesa Business Hub